segunda-feira, junho 29, 2015

SERIE CONCEITO

Concepção de ser humano na Antigüidade 

 Qual a relação entre os conceitos 'alma' e 'razão'; e a relação entre 'corpo' e 'desejo'. Lembrar que, de acordo com Aristóteles, o homem é um ser racional e não um ser de desejo. E que por ser racional, o homem é um ser político, pois é capaz de decidir sobre as coisas da pólis com racionalidade.
O CONCEITO 'ALMA'
A alma: Sócrates, Platão e Aristóteles

1. Doutrina socrática sobre a alma. 


Observação
: Sócrates fazia filosofia através da relação dialógica com seus interlocutores, ele nada escreveu. Tudo o que se tem escrito sobre a filosofia socrática foi escrito por Platão, seu aluno; e pelo fato de Platão nunca ter negado o mestre, a filosofia socrática é platônica. Segnifica que a filosofia socrática sobre a alma é também a filosofia platônica.
1. Dualismo corpo - alma: Para Sócrates a alma se apresenta como um substância específica imaterial (= espiritual), não composta (= simples), essencialmente distinta do corpo material.
2. Hirarquia das faculdades: A alma tendo a capacidade de exercer um comportamento ético é dotada de faculdades distintas e hierarquizadas: sentido, vontade dotada de liberdade e inteligência.
3. Especificidade da alma: A alma é simples porque é indivisível, diferente do corpo que se divide em partes, dotada de movimento próprio e de conhecimento.
4. Imortalidade da alma:
   
         Fedon de Platão:

- "Quais são (perguntou Sócrates) as coisas que são susceptíveis de decomposição? A propósito de que espécie de coisas devemos temer esse estado, e para que espécie de seres isso não acontece? Depois disso teremos ainda de examinar qual dos dois é o caso da alma, para finalmente, conforme o resultado que obtivermos, haurir daí confiança ou temor com respeito à nossa alma.
- É verdade (responde o outro interlocutor, Cebes).
- Não é, pois, às coisas compostas ou àquelas cuja natureza é composta, que cabe corresponder precisamente a composição? Mas, se acontece haver alguma coisa não-composta, não é só a ela que convém, mais do que a qualquer outra coisa, o escapar a esse estado de decomposição.
- Sim, disse Cebes, - é o que penso, assim deve ser.
- Dizei-me então: Os seres que sempre se conservam imutáveis e sempre se comportam do mesmo modo, não é altamente verossímil, que seriam esses precisamente os seres que não se decompõem? Ao contrário, o que jamais é o mesmo, o que ora se comporta de um modo, ora de outro, é ou não é isso, o que chamamos composto?
- Segundo penso, é.
- Passemos, agora àquilo para onde nos havia encaminhado a argumentação precedente! Essa essência de cuja existência falamos em nossas interrogações e em nossas respostas, diz-se: comporta-se ela sempre do mesmo modo, mantém a sua identidade, ou ora se apresenta de um modo, ora de outro? Pode-se admitir que o igual, o belo, que cada realizador em si - o ser - seja suscetível de uma mudança qualquer? Ou acaso cada uma dessas realidades verdadeiras, cuja forma é uma em si e por si, não se comporta sempre do mesmo modo em sua imutabilidade, sem admitir jamais, em nenhuma parte e em coisa alguma, a menor alteração?
- É necessário - disse Cebes - que todas conservem do mesmo modo a sua identidade, Sócrates!
- E doutra parte, que dizer dos múltiplos, como homens, cavalos, vestimentas, ou qualquer outros do mesmo gênero, e que são iguais ou belos - são sempre os mesmos aspectos às essências pelo fato de nunca estarem no mesmo estado nem em relação a si nem em relação aos outros?
- E dessa maneira - atalhou Cebes - eles nunca se comportam da mesma forma.
- Assim pois a uns podes tocar, ver ou perceber por intermédio dos sentidos; mas quanto aos outros, os seres que conservam sua identidade, não existe para ti nenhum outro meio de captá-los senão o pensamento refletido, pois que os seres desse gênero são invisíveis e subtraídos à visão.
- Nada mais certo!
- Admitamos, portanto, que há duas espécies de seres: Uma visível, outra invisível.
- Admitamos.
- Admitamos, ainda que os invisíveis conservem sempre sua identidade, enquanto que com os visíveis tal não se dá.
- Admitamos também isso.
- Bem, prossigamos - tornou Sócrates. Não é verdade que nós somos constituídos de duas coisas, uma das quais é o corpo e a outra, a alma?
- Com qual dessas duas espécies de seres podemos dizer, pois, que o corpo tem mais semelhança e parentesco?
- Eis uma coisa que é clara para toda a gente: com a espécie visível.
- Por outro lado, que é a alma? Coisa visível, ou coisa invisível? Não é visível, pelo menos aos homens, Sócrates!
- Todavia, quando falamos do que é visível e do que não o é, fizemo-lo com relação à natureza humana? Ou talvez creias que foi a propósito de qualquer outra coisa?
- Foi a propósito da natureza humana.
- Portanto, que diremos da alma? Que ela é coisa visível, ou que não se vê?
- Que não se vê.
- Vale dizer, por conseguinte, que ela é uma coisa invisível?
- Sim.
- Logo, a alma tem com a espécie invisível mais semelhança do que o corpo, mas este tem, com a espécie visível, mais semelhança do que a alma?
- Necessariamente, Sócrates" (Fedon, 78 b- 79 a, trad. J. Paleikat).

5. O movimento da alma: Para Sócrates a alma é causadora do movimento, por um poder não recebido de fora. No Fedro, diálogo platônico sobre a alma, a afirmação colocada na boca de Sócrates é precisa:

"Cada corpo movido de fora é inanimado. O corpo movido de dentro é animado, pois que o movimento é a natureza da alma" (Fedon 245 e).

6. A alma é imortal, porque incorruptível: Num primeiro argumento da imortalidade com base em sua natureza, alegou Sócrates, que, por ser espiritualidade e simples, em tal estado não pode corromper-se. Em sendo incorruptível, decorre ser imortal. Não se pode desfazer, nem mesmo após a morte do corpo. Efetivamente, a simplicidade tem por efeito formal excluir a corrupção, pois que a corrupção supõe a composição de partes.
7. A alma é imortal, porque é superior ao corpo: Marcada pela atividade vivificadora, hegemonia do querer e maior agilidade de pensar quando afastada da matéria entorpecedora; mas esta insistência cabe apenas enquanto dissertação sobre a razão geral da espiritualidade, ou simplicidade, de onde deriva tal superioridade.
"...quando a alma e o corpo estão juntos, a natureza manda a um obedecer e ser escravo e a outro que impede e mande. Pois bem, qual desses parece assemelhar-se ao que é divino e qual ao que é mortal? Não achas que somente o que é divino tem capacidade para mandar e que só o que é mortal é apropriado para obedecer e ser escravo?
- Penso como tu.
- A que se parece a nossa alma?
- É evidente, Sócrates, que a nossa alma se parece ao que é divino e nosso corpo ao que é mortal.
- Considere, pois, querido Cebes, se de tudo que acabamos de dizer, se deduz necessariamente que nossa alma se assemelha muito ao que é divino, imortal, capacitada para pensar, ao que tem uma forma única, simplesmente indissolúvel, sempre igual e sempre parecido a si mesma. Pelo contrário, o nosso corpo se parece ao que é humano, mortal, sensível, composto, dissolúvel, sempre em mudança e jamais semelhante a si mesmo. Há alguma razão que possamos alegar para destruir estas conclusões e provar que não é assim?
- Nenhuma, Sócrates.
- Se é assim, não convém ao corpo dissolver-se logo e a alma permanecer sempre indissolúvel, ou em um estado indiferente?
- Eis outra verdade.
- Vês, que depois da morte do nosso homem, sua parte visível, o corpo, que permanece exposto ante nossos olhos e que chamamos cadáver, devia dissolver-se. Não sofre, contudo, de imediato não se dissolve e permanece mesmo intato por algum tempo considerável, principalmente se o morto era formoso e se encontrava na flor da idade. Os corpos embalsamados, como no Egito, duram incólumes por um tempo considerável. Mesmo nos corpos que se corrompem, conserva-se sempre uma parte, como os ossos, os nervos e algumas outras partes da natureza que assim se podem dizer imortais.
- Não é verdade?
- Certíssimo.
- E agora, a alma, ser invisível que vai para um meio semelhante a ela mesma, excelente, puro, lugar invisível, ou seja aos infernos, junto a um Deus cheio de bondade e sabedoria, - uma paragem a qual espero vá a minha alma, se assim quiser Deus, - uma tal alma, com tal natureza não faria mais do que abandonar seu corpo para desvanecer no nada como o crêem a maioria dos homens? Para isto falta muito, meu amigo Simas e meu querido Cebes. Note melhor o que ocorre, então: se a alma se retira, pura, sem nada conservar do corpo, como a que durante a vida não manteve com ele nenhuma relação voluntária, para, pelo contrário, fugir dele, recolhendo-se em si mesma, meditando sempre, ou seja, filosofando bem e aprendendo com isso a morrer - não representa isto uma preparação para a morte?
- Sim, realmente é isso.
- Se a alma se retira neste estado, vai para um ser semelhante a ela, divino, imortal, cheio de sabedoria, junto do qual, livre dos seus erros, da sua ignorância, do seus temores, dos seus amores desenfreados e de todos os males próprios à natureza humana, e goza da felicidade" (Fedon, 79 e 81 a).
8. Imortal porque se move a si mesma: a seguir o argumento de Platão apresentado no livro Fedro:
"Toda a alma é imortal, porque aquilo que se move a si mesmo é imortal. O que move uma coisa e é por outra movido, anula-se uma vez terminado o movimento. Somente o que a si mesmo se move, nunca saindo de si, jamais acabará de mover-se e é para as demais coisas que se movem, fonte do início do movimento. O início é algo que não se formou, sendo evidente que tudo que se forma, forma-se de um princípio. Este principio de nada proveio, pois, que se proviesse de uma outra coisa, não seria princípio. Sendo o principio coisa que não se formou, deve ser também, evidentemente coisa que não pode ser destruída. Se o princípio pudesse desaparecer, nem ele mesmo poderia nascer de uma outra coisa, nem dele outra coisa, porque necessariamente tudo brota do princípio. Concluindo, pois, o princípio do movimento é o que a si mesmo se move. Não pode desaparecer nem formar-se, do contrário o universo, todas as gerações parariam e nunca mais poderiam ser movidos.
Pois bem, o que a si próprio se move é imortal. Quem isto considerar como essência e caráter da alma, não terá escrúpulo nesta afirmação. Cada corpo movido de fora é inanimado, pois que o movimento é a natureza da alma. Se aquilo, que a si mesmo se move, não é outra coisa senão a alma, necessariamente a alma será algo que não se formou. E será imortal" (Fedro, 245).
9. A imortalidade decorrente da sua simplicidade: Outra prova da imortalidade da alma a partir de sua mesma natureza, considera-a indestrutível por ação a agir sobre ela a partir do exterior. Ponderou Sócrates que, sendo a alma simples, nenhuma causa consegue destruí-la. Aseguir o argumento de Platão apresentado no livro República:
"Sócrates: - Não tem cada coisa o seu mal e seu bem? A oftalmia é o mal dos olhos; a doença o mal de todo o corpo; a manga, o mal do trigo; a podridão, o da madeira; a ferrugem, o do ferro e cobre. Em uma palavra, quase nada há na natureza que não tenha seu mal e sua doença particular.Glauco: - É verdade.
Sócrates: - Quando o mal ataca uma coisa, a deteriora, acabando por dissolve-la e aniquilá-la?
Glauco: - Sem dúvida.
Sócrates: - assim, pois, cada coisa é destruída pelo mal e pelo princípio de corrupção que traz em si, de sorte que, se o mal não força para destruí-la, nada mais há que o possa fazer, porque o bem não pode produzir este efeito, nem tão pouco o que não é nem bem nem mal.
Glauco: - como poderia ser?
Sócrates: - Se pois, encontramos na natureza alguma coisa cujo mal inerente a torna verdadeiramente má, que não pode porém dissolvê-la e destruí-la , não podemos afirmar desta coisa que naturalmente não pode perecer?
Glauco: - Parece muito lógico, que sim.
Sócrates: - pois não há nada que torne má a alma?
Glauco: - Sim, certamente; todos os vícios que mencionamos atrás: a injustiça, a intemperança, a covardia e a ignorância.
Sócrates: - Haverá um só destes vícios capaz de alterá-la e destruí-la? Cuidado que não caiamos em erro, supondo que, quando o injusto e insensato é surpreendido em delito, seja a injustiça, que é o mal de sua alma, a causa de sua morte. Eis, ao contrário, como se deve encarar a realidade. Adverte que a enfermidade, que é o mal do corpo, o aniquila pouco a pouco, o destrói e reduz ao ponto de não ter sequer a forma do corpo. E todas as outras coisas de que temos falado tem seu mal próprio, que se lhes adere e as corrompe e leve ao extremo de deixarem de ser que antes eram. Não é verdade?
Glauco: - Sim.
Sócrates: - Fazendo agora aplicação disto à alma, é verdade que a injustiça e o outros vícios, em que se alojando e fixando na alma, a corrompem e emurchecem, até que, conduzindo-a à morte, a separam do corpo?
Glauco: - De modo algum: isto não se dá a respeito da alma.
Sócrates: - Por outro lado, seria absurdo dizer que um mal estranho destruiria uma substância que seu próprio mal não é capaz de destruir... Abstenhamo-nos de dizer que nem a febre, nem nenhuma outra enfermidade, nem a degola, nem a retalhação do corpo em mil pedaços, nem o que quer que seja, pode dar a morte à alma, a menos que se faça ver que, pelos males que o corpo padece nestas circunstâncias, a alma torna-se mais injusta e ímpia.
E não toleremos que se diga que a alma ou outra substância perece pelo mal que sobrevêm a uma substância de natureza diferente da sua, se não concorre ali o mal que lhe é próprio...
Logo, é evidente que o que não pode perecer, nem por seu próprio mal, nem pelo mal alheio, deve necessariamente existir sempre; e que, se existe sempre, é imortal" (República, 608 e ss.).

2. Análise da alma por Aristóteles

  
Observação: Aristoteles inventou o conceito 'análise' que significa 'dividir para compreender'.
   Diferentemente de Platão e Sócrates, Aristóteles, para compreender a alma, teoricamente, a dividiu, como exposto abaixo. O objetivo principal desta divisão foi identificar no homem a virtude intelectual agindo sobre a virtude moral de modo que fosse possível ao homem ser virtuoso nas suas ações na pólis.
   Para Platão, para que o cidadão agisse virtuosamente na pólis, ele teria que conhecer as virtudes que se encontravam no topós das idéias, ou seja, para agir com justiça, o homem teria que conhecer o que é justo, para agir corajosamente teria que conhecer o que é a coragem, etc. Estas idéias, justiça, coragem, etc, que são reais (porque são universais, perfeitas, imutáveis e efetivas) geram as ações virtuosas na pólis quando conhecidas através da alma. Esta é a doutrina socrático-platônica chamada de virtude-ciência, ou seja "age justamente quem conhece a justiça", portanto quem não age justamente ignora o que seja a justiça. Um exemplo disso é o livro Críton: Sócrates não foge da prisão porque ele conhece a verdade: 'a justiça' que é expressa pela lei que o condenou.
   Por outro lado, Aristóteles advoga que, para que uma pólis feliz possa existir, seus cidadãos têm que praticar ações virtuosas, desse modo portanto, as virtudes 'justiça' e 'coragem', por exemplo, são atingidas na ação inteligente dentro da pólis, ou seja, a virtude moral sob a ação do cálculo inteligente produzido pela virtude intelectual. Esta é a Ética de Aristóteles chamada de teoria do justo-meio; uma virtude é o justo-meio entre dois vícios, por exemplo: a coragem é o justo-meio entre a covardia (vício por falta) e a temeridade (vício por excesso).
   Quando Aristóteles analisa a alma humana, ele a divide em duas partes: irracional e racional. A parte irracional do ser humano tem algo que também tem nos vegetais e nos animais. A função nutritiva temos em comum com os vegetais, a função perceptiva temos em comum com os animais. Já a parte racional, que nos diferencia dos outros seres vivos, é dividida em duas: a virtude intelectual e a virtude moral. A primeira visa a vida contemplativa e a segunda a vida ativa na polis.
   O fim da polis é a felicidade, e, segundo Aristóteles, ela só é possível se o cidadão fizer bom uso de sua virtude racional (de sua racionalidade). O cálculo inteligente no uso da virtude intelectual é fundamental para busca do justo meio (virtude) na atividade política. É bom atentar para o fato que, a felicidade em Aristóteles é a felicidade da pólis, ou seja, o seu bom funcionamento e que em função disso os cidadãos atingem as suas felicidades individuais. O cidadão feliz é aquele que atua com as virtudes em benefício da pólis.

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domingo, junho 28, 2015

SERIE CONCEITO


Noções de Lógica 

Os conceitos são bem de marcado


O CONCEITO 'INFERÊNCIA'

   Inferência é a operação mental pela qual se extrai uma conclusão (nova proposição) de uma ou mais proposições já conhecidas.

Verdadeiro e falso

Veremos duas maneiras de se estabelecer o que é verdadeiro ou falso.

1. Verdade por correspondência com os fatos
   A verdade está relacionada ao mundo dos fatos e eventos, ou seja, está relacionado àquilo que chamamos de realidade.

1º A proposição 'Chove lá fora!' (com aspas) é verdadeira se chove lá fora (sem aspas). 'Chove lá fora!' é uma proposição falsa se lá fora não chove.
2º 'A grama é sintética.' é uma proposição verdadeira se é fato que a grama é sintética. 'A grama é sintética.' é ma proposição falsa se a grama é natural.

Portanto, a verdade da proposição corresponde ao fato que ela afirma.

2. Verdade por referência a um conjunto dado


   A verdade de uma proposição está relacionada ou referida a um conjunto dado a priori.

1º Dado o conjunto N = {1, 2, 3, 4}. '2 pertence ao conjunto N' é uma proposição verdadeira. '7 pertence ao conjunto N é uma proposição falsa.

2º Dado o conjunto dos estados brasileiros E = {Ceará, Espírito Santo, Acre, São Paulo, etc.}. 'Texas é um estado brasileiro.' é uma proposição falsa.

Observações:
. Estabelecer a verdade por correspondência é problemático pois, é necessário averiguar de algum modo os fatos da realidade. Normalmente os sentidos são o caminho para isso; constata-se com a visão, com a audição e com o tato que chove lá fora, por exemplo. Mas, e se a pessoa que faz esta constatação está delirando ou sonhando? E se a pessoa que fez a proposição se baseou na proposição de outra pessoa e se esta outra pessoa estiver mentindo?
. No segundo caso, verdade por referência a um conjunto dado, é necessário que se aceite a priori o conjunto dado.

O CONCEITO 'VALIDADE'
  Argumento
   Um argumento não é uma proposição. Ele é uma composição de proposições. Por exemplo: 'Faz sol.', 'Hoje choveu pela manhã.', 'Fui ao shopping ontem.', 'Estou com dor de cabeça.', 'A grama é sintética.', 'Tenho muita saudade dele.', são apenas proposições, não são argumentos.
   Mas, a composição: 'Se fizer sol, irei ao shopping. Faz sol, logo, irei ao shopping.'. Este exemplo é um argumento.

Argumento lógico (ou silogismo lógico)

   Um argumento é lógico se ele conclui uma proposição particular a partir de uma proposição geral e se ele concluir o conseqüente afirmando-se o antecedente.

Exemplos do primeiro tipo:

Todo homem é mortal. (premissa geral)
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal. (conclusão particular)

Este argumento é denominado de argumento lógico válido.

Observação
: Para que ocorra a inferência neste exemplo, ou seja, para que ocorra o raciocínio mental que leva das premissas à conclusão, foi necessário o termo médio - homem, ele possibilita a mediação das premissas para a conclusão. Sem o termo médio a inferência não é possível.
Uma característica importante do termo médio é que ele nunca aparece na conclusão.

Veja o mesmo exemplo sem o termo médio:

Todo homem é mortal.
Sócrates é gordo.
Logo, Sócrates é mortal.

Observação: Por não existir o termo médio não foi possível a inferência válida. Neste exemplo, a única conclusão possível é 'Logo, Sócrates é gordo.'

Este argumento é chamado de argumento lógico não válido.

Exemplos do segundo tipo:
Se chover irei ao cinema.
Choveu.
Logo, irei ao cinema.
'Se chover' - antecedente'irei ao cinema' - conseqüenteVerbo 'chover' - termo médio

Este argumento é argumento lógico e válido.

Observação: 
Foi afirmado o antecedente 'choveu' e conclui-se pelo conseqüente 'irei ao cinema'.

Veja o mesmo exemplo, porém não válido
Se chover irei ao cinema.
Fui ao cinema.
Logo, choveu.
Ele é um argumento lógico não válido porque, foi afirmado o conseqüente 'Fui ao cinema' e concluído o antecedente 'choveu'.

Vamos tomar o exemplo sobre Sócrates para este caso:

Argumento lógico válido:
Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.

Argumento lógico não válido:

Todo homem é mortal.
Sócrates é mortal.
Logo, Sócrates é homem.

Conclusão: A lógica de um argumento está vinculada a forma com que é construída. Ela não se refere ao conteúdo nem das premissas e nem da conclusão. O último exemplo pode ser escrito deste modo:

Todo A é B. (premissa geral)
C é A.
Logo, C é B (conclusão particular)

A é o termo médio.
Desta forma o argumento é lógico e válido.

Em função disso, pode-se escrever:

Todo zebetrix é zibilex.
Zapalix é zebetrix.
Logo, zapalix é zibilex.

   Não sabemos o que sejam zebetrix, zibilex e zapalix, mas mesmo assim podemos afirmar que o argumento é lógico e válido.
   Quando Aristóteles formulou pela primeira vez o silogismo lógico utilizou um exemplo razoável (o exemplo sobre Sócrates mostrado acima), pois sua pretensão foi a de que fosse útil para os debates filosóficos e para os debates na pólis.

O CONCEITOs 'RACIOCÍNIOS DEDUTIVO E INDUTIVO'
 3. Raciocínio indutivo e raciocínio dedutivo

3.1. Raciocínio indutivo

    O raciocínio indutivo parte de premissas para inferir uma conclusão. As premissas são observações da natureza e de fatos do mundo. Há uma pretensão neste tipo de raciocínio: a conclusão de um particular fundamentado numa proposição geral, mas, como a proposição geral é fruto da observação, ela não é geral.
Por exemplo:
1º Após uma extensa pesquisa sobre gansos, um cientista constatou numa população de 10 milhões de gansos, que todos eles eram brancos. Desta constatação, ele fez a seguinte proposição: 'Todos os gansos são brancos.' Um colega deste cientista telefonou-lhe dizendo que enviou para ele um ganso. O cientista que propôs a teoria acima tem certeza de que o ganso que irá receber é branco? A resposta é não. Sua teoria está fundamentada em 10 milhões de gansos e não em todos os gansos. Portanto, um caso particular - 10 milhões de gansos, não pode fundamentar outro caso particular - um ganso.

2º 
Olhando bem sua para sua pele, uma mulher de 70 anos percebeu muitas rugas e concluiu, para seu, conforto, que todo homem e toda mulher nesta faixa etária têm muitas rugas.

Conclusão: Um argumento que tem como forma um raciocínio indutivo não é lógico.

3.2. Raciocínio dedutivo
    O raciocínio dedutivo conclui um particular de um geral. O geral é sempre uma hipótese. Quando se diz que 'Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal.', está se dizendo: 'Se todo homem é mortal. Se Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal.'
Agora podemos entender melhor o argumento dedutivo e lógico sobre os gansos: 'Se todos os gansos são brancos. E se irei receber um ganso enviado por um colega. Logo, este ganso é branco.'
Pelo visto até agora, podemos chegar a seguinte conclusão: o raciocínio dedutivo partindo de uma hipótese geral não tem referência com o mundo real, mas tem referência com o que o cientista, filósofo ou pensador imagina sobre o mundo. Já o raciocínio indutivo parte de uma observação feita do mundo, de uma realidade, de um evento, de um fato.
   Para concluir, a fonte de verdade para um dedutivista é a lógica, para um indutivista é a experiência.


sábado, junho 27, 2015


O CONCEITO 'LINGUAGEM ALFABÉTICA'

   A linguagem alfabética foi determinante para a crítica dos poemas homéricos (Ilíada e Odisséia) e hesiódicos (Teogonia e O trabalho e os dias). Ela surge em tabuinhas na ilha de Creta. Os gregos passam a usá-la para fixar a linguagem oral em linguagem escrita. Assim, os poemas épicos são lidos freqüentemente e os primeiros filósofos (os pré-socráticos) identificam o antropomorfismo (forma humana) e também atitudes humanas dos deuses, com por exemplo: os deuses tinham raiva, sono, insônia, eram vingativos, se emocionavam. Isso serviu para os filósofos negarem a sua existência enquanto entidades sobrenaturais e torná-los apenas fruto da imaginação humana. A ausência dos deuses e de suas histórias para explicar os fenômenos fez surgir uma crise entre estes pensadores, que partiram à busca de uma linguagem diferente da narrativa para explicar os fenômenos. Nesta busca, inventaram o logos (linguagem racional= linguagem coerente e pertinente). A coerência desta linguagem apresenta-se como uma seqüência hierarquizada das frases e a pertinência refere-se a causa dos fenômenos vinculados ao próprio contexto de cada fenômeno e não separado dele como eram as narrativas mitológica. A linguagem alfabética escrita influenciou também na linguagem política e esta também influenciou a linguagem filosófica.

sexta-feira, junho 26, 2015

SERIE CONCEITO


O CONCEITO 'POLÍTICA'

   A importância da política na origem histórica da Filosofia – Marilena Chauí
A idéia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade - da polis - servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta) uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses que eles deveriam obedecer.
Agora, com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa.
A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.

quinta-feira, junho 25, 2015

SERIE CONCEITO


O CONCEITO 'DEMOCRACIA'

   Aristóteles (384 - 322 a.C.) afirmou que o primeiro filósofo foi Tales de Mileto (624 - 548 a.C.). A Filosofia nascente tratava da natureza (physis) e não tratava das coisas humanas. A Filosofia Moral, que trata das relações humanas na pólis, surgiu com Sócrates (470 - 399 a. C.) durante o período em que a democracia grega floresceu. O fato mais importante da democracia, que influenciou no surgimento da Filosofia Moral (Ética), foi o direito à palavra que todos os membros da assembléia popular tinham. Os debates eram feitos de um modo que todos os cidadãos fossem capazes de entender e capazes de interferir com as suas posições (contrárias ou a favor). A linguagem que utilizavam tinha uma forma hierarquizada, por exemplo: a apresentação de um caso ou um conflito, as propostas de solução, as críticas às propostas, a elaboração escrita da proposta aceita pela maioria após a votação direta, a elaboração escrita do modo como devia ser executada a proposta. Esta forma hierarquizada influenciou na forma argumentativa da Filosofia, assim como na lógica criada por Aristóteles posteriormente.
   Sobre a democracia direta:
   "Em 508 a. C. Clístenes proclama a constituição democrática ateninense:
   Na primeira forma de regime democrático surgida no mundo, o principal órgão era a assembléia popular (eklesia), aberta a todos os cidadãos atenienses do sexo masculino acima de 18 anos. Os membros tinham o direito à palavra, e era a assembléia quem decidia as questões políticas e legislativas. Havia também o conselho dos 500 (boule), eleito por maioria pelos cidadãos acima de 30 anos. Funcionava como um corpo executivo que preparava a assembléia e cuidava para que suas decisões fossem efetivadas."

quarta-feira, junho 24, 2015

SERIE CONCEITO



O CONCEITO 'IMANENTE'
O telescópio espacial Hubble tem permitido espreitar os confins do Universo com uma clareza impressionante, e uma das imagens que se tornou num sucesso imediato foi a dos "Pilares da Criação" captada

   O termo "imanência" compõe-se dos termos latinos in e manere, que juntos têm o significado original de "existir ou permanecer no interior" (wikipedia). Os filósofos pré-socráticos ao recusarem a narrativa mitológica como a expressão explicativa dos fenômenos naturais ao mesmo tempo que criaram um problema para si, se viram diante da tarefa de encontrarem uma solução e iniciaram este processo com as perguntas: Qual é a origem do mundo? Existe um princípio primordial (arché) do qual tudo deriva? Se os deuses não são mais 'causadores' da origem do mundo, haveria algo que o teria originado? Tales de Mileto foi o primeiro a propor que a origem de tudo está na substância 'água', disse ele "Tudo é água.". Se antes tudo era unificado pelo poder de Zeus, agora, na Filosofia, tudo está reduzido à água, de outro modo, tudo está unificado pela água. A água, portanto, seria o princípio primordial dos fenômenos do mundo (fenômeno = aquilo que aparece). Este princípio não está fora da natureza, ele está na natureza. Portanto, o princípio não transcende a natureza, mas é imanente à ela, está dentro dela.

SÓ DEPENDE DE MIN


Nós devemos voltar para Deus. Nossa vontade mesmo é voltar para Deus, mas o problema é que não podemos voltar para Ele com nossos próprios esforços. Pelo contrário, nossos esforços só podem gerar resultados ruins, nos levando a nos afastar de Deus e a nos opormos a Ele mais ainda.
Na nossa mente carnal, nós pensamos que Deus tirou tudo que nos faz feliz. Pensamos que quanto mais nos afastarmos de Deus, mais poderemos ser livres e felizes. Entretanto, o que descobrimos é que, quanto mais nos afastamos de Deus, isso não nos traz alegria, mas miséria. E não é liberdade o que vemos, e sim uma fraqueza impotente da carne. Então devemos desistir de nossas ideias pré-concebidas e obedecer a Palavra de Deus para recebermos Sua salvação gratuita.

Deus não deixará o homem agir à vontade para sempre, mas Sua forte mão virá sobre ele no julgamento final. Contudo, ela ainda poderá fugir do julgamento através de sua verdadeira fé na justiça De Deus. Ao crerem na justiça de Deus, eles não serão mais condenados por seus pecados; pelo contrário, eles receberão uma glória maior ainda.

terça-feira, junho 23, 2015

SERIE CONCEITO


O CONCEITO 'TRANSCENDÊNCIA'

   Trancendência significa estar além dos limites do mundo ( a palavra metafísica, que significa além da natureza está relacionada a palavra transcendência). Na época mitológica, os gregos tomavam os deuses como participantes de suas vidas e de todos os fenômenos, como pode ser lido em Ilíada e Odisséia do poeta Homero. Apesar desta participação, eles residiam no Olimpo (Monte Olimpo - o ponto mais alto da Grécia), sugerindo um plano além do mundo dos mortais (modo como os gregos se tratavam para se diferenciarem dos deuses, que eram imortais). O conceito 'transcendência' opõe-se ao conceito 'imanência'.

segunda-feira, junho 22, 2015

SERIE CONCEITO


O CONCEITO 'CAUSA'
   Contrapondo-se à narrativa, que está vinculada à transcendência, a causa, na Filosofia pré-socrática está vinculada à imanência, ou seja, a causa é aquilo que fez surgir o fenômeno (fenómeno = acontecimento observável (literalmente algo que pode ser visto, derivado da palavra grega phainomenon = observável) e que está subjacente a ele, mas não está fora do mundo ou da natureza.
  
 "A causa é o termo correlacionado a efeito e que se concebe a partir de dois enfoques fundamentais:
O primeiro seria o vínculo que correlaciona os próprios fenômenos e que faz com que um ou vários deles apareçam como condição da existência de outros, isto é, onde existe uma causa, sempre haverá o efeito desta, instantâneo ou retardado no domínio do tempo.
O segundo é a relação entre um ser inteligente e o ato que ele praticou voluntariamente e pelo qual é responsável, ou, se alguém cometer algum ato, bom ou mau sempre terá o retorno deste, na mesma proporção, por exemplo, causa: comer alimento, efeito, saciar a fome; causa comer veneno, efeito, provavelmente morrer, cabe salientar que nem todos os efeitos sucedem à causa com a mesma intensidade; o indivíduo pode comer o veneno, porém pode permanecer vivo, porém os efeitos serão sentidos pela mesma causa."

domingo, junho 21, 2015

SERIE CONCEITO


O CONCEITO 'NARRATIVA'

   O conceito 'narrativa' neste tópico está relacionado aos poemas épicos Ilíada e Odisséia. O poema Ilíada conta como foi a guerra entre gregos e troianos, e mostra as virtudes da aristocracia grega e a relação destas virtudes com os deuses. Trecho inical de Ilíada:
  
   "Canta, ó Musa, a ira de Aquiles, filho de Peleu, que incontáveis males trouxe às hostes dos aqueus. Muitas almas de heróis desceram à casa de Hades e seus corpos foram presa dos cães e das aves de rapina, enquanto se fazia a vontade de Zeus, a partir do dia em que se desavieram o filho de Atreu, rei dos homens, e Aquiles, semelhante aos deuses. 

    Que deus provocou a desavença entre eles? O filho de Leto e de Zeus, que fora ofendido pelo rei. Assim, ele mandou sobre o acampamento a peste cruel e muita gente morreu. O rei ofendera seu sacerdote, Crises, quanto este chegara até os navios dos aqueus, levando consigo ricos presentes para resgatar sua filha. Empunhava um bastão de ouro, enfeitado com as guirlandas de Apolo, o arqueiro infalível, e dirigiu sua súplica a todos os aqueus, mas especialmente aos dois príncipes filhos de Atreu.
_ Filhos de Atreu e vós, aqueus seus súditos, possam os deuses que moram no Olimpo permitir que tomes a cidade de Príamo e que regresseis sem percalços à vossa pátria! Libertai, porém, minha amada filha, eu vos imploro, e respeitai Apolo, o arqueiro infalível, filho de Zeus."


   Como se vê, a narrativa conta uma história, esta é característica principal da mitologia. A narrativa apresenta uma ação onde aparecem conflitos, personagens (deuses e homens), cenas exemplares, características humanas e divinas, e principalmente as virtudes.
   Como aponta Mircea Eliade (mitólogo): 
"o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do "princípio". Em outros termos, o mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É sempre, portanto, a narrativa de uma "criação": ele relata de que modo algo foi produzido e começou a ser. O mito fala apenas do que realmente ocorreu, do que se manifestou plenamente. Os personagens dos mitos são os Entes Sobrenaturais. Eles são conhecidos sobretudo pelo que fizeram no tempo prestigioso dos "primórdios". 

sábado, junho 20, 2015

SERIE CONCEITO


O CONCEITO 'EXISTENCIAL'
   Existencial significa, neste item do programa, aquilo que se refere à natureza (phisys), ou seja, àquilo que existe. Origem existencial da Filosofia, portanto, é a investigação sobre as causas que deram origem as coisas da natureza. Nesta busca, os filósofos naturalistas gregos em sua maioria encontraram como causa elementos da própria natureza. Quando a causa é apenas um elemento, água ou ar, ou terra, ou fogo, ou apeiron, ou logos, os filósofos que pensam assim são chamados de monistas.

sexta-feira, junho 19, 2015

SÉRIE CONCEITO


CONCEITO 'LOGOS'





Site: www.philosophy.pro.br
Autor: Flávio Netto Fonseca
Professor de Filosofia






   "Disse Heráclito (filósofo grego, pré-socrático): "Tudo acontece de acordo com logos". Mas o que é logos? Seu significado mais básico é verbo. Nos séculos anteriores a Heráclito, logos significava também relato, linguagem e história. Já na época de Heráclito, logos podia significar razão, princípio e explicação. Alguns o definiram como lógica ou fórmula. Creio que o que Heráclito queria dizer era "o princípio organizacional, segundo o qual o cosmo se ordena a si próprio". Este princípio se manifesta nos mais diferentes padrões que identificamos. Um pensamento final: Heráclito, sempre capaz de ser ao mesmo tempo literal e metafórico, sabia que o "verbo" é "falado". E o que fala o cosmo? Eu creio que os "padrões" são a forma como o logos nos é falado. Daí a minha tradução: O cosmo fala por meio de padrões." (Roger von Oech)
   Pelo texto acima pode-se ver que 'logos' é uma forma explicativa da causa do que acontece.



quinta-feira, junho 18, 2015

Entre o Roubo e o Arrependimento



Na hora de fraudar, desviar, ser corrupto e corromper, traficar influencia, alterar valores em licitações, emitir documentos falsos e outros atos ilícitos, nenhum dos que são acusados revelão estarem hipertensos, diabéticos, síndrome do panico e outros problemas de saúde. Quando são pegos no crime alegam todo tipo nervosismo e doenças menos arrependimento e vontade de restituir o produto do crime.

SERIE CONCEITO

O CONCEITO 'FILOSOFIA'











Site: www.philosophy.pro.br
Autor: Flávio Netto Fonseca
Professor de Filosofia
    Filosofia é um conceito que abrange várias coisas, portanto para defini-la é necessário fazer uma escolha. Podemos tomar a definição dada por Marilena Chaui(filósofo brasileira): "A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido."
   "Para Platão a filosofia tem um fim prático, moral; é a grande ciência que resolve o problema da vida. Este fim prático realiza-se, no entanto, intelectualmente, através da especulação, do conhecimento da ciência. Mas - diversamente de Sócrates, que limitava a pesquisa filosófica, conceptual, ao campo antropológico e moral - Platão estende tal indagação ao campo metafísico e cosmológico, isto é, a toda a realidade." (site: Mundo dos Filósofos)
   A Filosofia surgiu como busca de respostas para a causa dos fenômenos, já que a mitologia tinha sido questionada e abandonada como poder explicativo para eles. Abandona-se a narrativa mitológica e inventa-se outro tipo de linguagem com poder de explicar. Esta linguagem tem a característica de ser coerente, pertinente e imanente. Não se recorre mais a seres sobrenaturais para as explicações, a partir da Filosofia as explicações deixam de ser transcendentes e passam a ser imanentes, ou seja, a causa dos fenômenos emana da própria natureza. O termo inventado por Heráclito para expressar esta linguagem foi 'logos'. Com os filósofos pré-socráticos, 'logos' era um fundamento que causava os fenômenos.
   Filosofia, amizade ao saber, é, portanto, a área do conhecimento humano que busca entender fatos, fenômenos, e a origem das coisas da natureza e das relações humanas fundamentadas na própria natureza e nas relações. Para melhor entender: para responder qual a utilidade e quais os fundamentos da Ciência, é necessário a Filosofia da Ciência, pois a linguagem científica é insuficiente para dar esta resposta.
   Os pré-socráticos buscavam os fundamentos quando faziam Filosofia: Tales disse que o fundamento de todos os fenômenos era a água: "Tudo é água.", Heráclito disse: 'O logos é fogo.'
   Disse Nietzsche: "a filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisália, está contido o pensamento: ‘Tudo é um’. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego".
   A Filosofia está no universo da razão ou da racionalidade. E ela ocorre quando os filósofos pensam a respeito dos fundamentos de outras ciências. Jonh Dewey(filósofo americano) disse sobre a Filosofia: "Pois, para encontrar os fatos deste mundo e as suas causas, é claro que deveremos recorrer às matemáticas, à física, à química, à biologia, à antropologia, à história, etc., e não à filosofia. Às ciências é que compete dizer quais as generalizações admissíveis sobre o mundo e quais, especificamente, são elas. Mas quando perguntamos que espécie de atitude permanentemente ativa para com o mundo as revelações científicas exigem de nós, estamos a formular uma questão filosófica."
   A Filosofia procede como a Ciência: procura generalizar através de conceitos após uma exaustiva pesquisa de seus objetos. Mas Filosofia não é Ciência. Disse o filósofo Spnville:
  O que é filosofia? É uma prática teórica (discursiva, razoável, conceitual), mas não científica; ela se submete unicamente à razão e à experiência - com exclusão de toda revelação de origem transcendente ou sobrenatural - e visa menos a conhecer do que a pensar ou questionar, menos a aumentar nosso saber do que a refletir sobre aquilo que sabemos ou ignoramos. Seus objetos de predileção são o Todo e o homem. Seu alvo, que pode variar segundo as épocas e os indivíduos, será com mais freqüência a felicidade, a liberdade ou a verdade, e mesmo a conjunção das três (a sabedoria).

quarta-feira, junho 17, 2015

ASSEMBLEIA DE DEUS  NO  ASSENTAMENTO  AURORA  DA  SERRA   DIRIGENTE  PRESB,  GENTIL GOMES    EM 2-9-2014
Posted by Gentil Gomes on Terça, 2 de setembro de 2014


SÉRIE CONCEITO
O CONCEITO 'MITOLOGIA'
    Mitologia é um conceito criado após o surgimento da Filosofia. Na antiguidade grega, antes da Filosofia, a mitologia era o modo narrativo que os gregos usavam para explicar o por quê dos fenômenos (aquilo que aparece às sensações). Havia narrativa para explicar praticamente tudo. Este poder explicativo estava vinculado a outro fator muito importante e muito caro aos gregos: a crença de que as narrativas tinham de fato acontecido do modo como descrito na narração; não havia dúvidas e nem porque duvidar. Como as narrativas falavam sempre de um mundo sobrenatural, ou seja, um mundo que transcendia a natureza das coisas visíveis, havia uma interação inquestionável e indubitável entre homens, natureza e deuses. Os deuses eram vistos, principalmente, por sua característica que os diferenciavam dos homens, a imortalidade. Os homens chamavam-se, entre si, de mortais, justamente porque eram diferentes dos deuses. Os mitos referiam-se à origens de um fato ou de um estado de coisas, por exemplo, ao nascimento, à morte, ao clima, à guerra, a uma relação entre homens ou entre homens e natureza. O mito, portanto, explicava como algo veio a ser como é. A comprovação inquestionável do mito se dá pelo fato das coisas serem como são, por exemplo, o mito da morte é comprovado pela existência da morte. Como a narrativa era uma história sagrada, não havia preocupação em querer saber porque os deuses agiram como agiram, simplesmente havia aceitação tácita que era a crença, ou seja, as coisas aconteceram como aconteceram e ponto final.
   As narrativas mitológicas chegaram aos gregos pela oralidade vindas de tempos imemoriais. De tempos em tempos os mitos eram rememorados. Nestas épocas ou momentos, os gregos reatualizavam suas crenças, e delas tiravam suas forças e energias para continuarem a viver, trabalhar e lutar. É importante observar que o foco de suas preocupações em momentos de crise ou conflitos estava vinculada ao passado mitológico. A ênfase estava, portanto, no presente alimentado pelo passado.


terça-feira, junho 16, 2015


A Arte na Idade Média

Foi na Idade Média que a Arte cumpriu mais plenamente sua função de transfigurar o mundo para dar ao homem o desejo do céu com o amor do verdadeiro bem. Os estilos românico e gótico marcam o ápice da arte ocidental. Embora não se tivesse ainda o conhecimento de todas as leis da beleza - por exemplo, não se conhecia ainda a perspectiva - a arte medieval, dentro de seus limites, buscou, mais que nenhuma outra, o bem, a verdade, a beleza, reflexos de Deus no mundo. E por mais que a Idade média seja denegrida nos manuais escolares, nos slogans da imprensa, como a Idade das Trevas, é a sua luz que atrai continuamente torrentes de turistas que, embasbacados, contemplam o resplendor de seus vitrais, a poesia de seus castelos, a majestade de suas catedrais. O mundo continua a ter saudades da tão caluniada Idade Média, a "doce primavera da fé".

O estilo gótico

Em toda a história da arte, não se pode encontrar uma arte mais católica, mais religiosamente elevada, do que a arte medieval.
O estilo gótico representa o apogeu da arte. Até no século XX - século do feio e do monstruoso - apesar da propaganda a favor da Arte Moderna e apesar das calúnias contra a "Idade das Trevas", multidões vão à Europa extasiar-se diante da fachada de Notre Dame de Paris, admirar as torres que obrigam a olhar para o alto de Chartres, deslumbrar-se com a luz cantando nos vitrais das rosáceas.
Por que o gótico traz tal satisfação à alma humana?
1. Religiosidade do gótico
Em primeiro lugar porque nenhum estilo é tão religioso quanto ele. Gótico e religião são termos inseparáveis. É da essência desse estilo falar de Deus e do céu. Mesmo nos edifícios e obras profanas, o gótico põe algo de religioso que lembra Deus.
Se no âmago da beleza está o bonum, em nenhum outro estilo o bonum aparece em tão alto grau nem tão claramente. Toda beleza é uma teofania, mas a catedral gótica é a expressão artística da Teologia católica por excelência. Foi bem definido o gótico por Erwin Pafnosky, quando ele disse que o estilo gótico é "a filosofia escolástica na pedra".
2. Elevação moral
O estilo gótico, como nenhum outro, respeitou as leis da moral e procurou incentivar os homens à virtude.
No gótico, encontra-se por toda parte pudor, recato, pureza. Não se estadeia o nu, não se salientam as formas físicas. As roupagens são descentes, os gestos e atitudes são recatados. As linhas arquitetônicas são puras. A catedral é casta.
O gótico, além disso, é temperante, e mesmo, por vezes, austero. Nele não há excessos - não falamos, evidentemente, do flamejante, que foi a decadência do gótico e o começo do fim da verdadeira arte católica - nele não há exageros. Tudo é equilibrado. Nas abadias há austeridade; nos pátios dos castelos, alegria moderada. Em todas as obras - religiosas ou civis - nas catedrais, nas abadias, nos castelos e nas casas, há seriedade.
O gótico incentiva ao bem e à verdade porque tudo nele incentiva à luta. Nele há mais do que simples força, há combatividade. Torres, fossos, ameias, barbacãs, muralhas, tudo no castelo fala da existência do mal que é preciso combater. Na catedral, as esculturas lembram continuamenteo juízo, o inferno e o demônio tentador. Diabos arrastam para o abismo infernal os reis e até os príncipes da Igreja, e mesmo os Papas, para lembrar que todos, se não combaterem, perder-se-ão. Os torreões dos castelos falam de guerra, e as torres das catedrais lembram que a Igreja é militante. E a prudência no gótico espreita pelas seteiras e vigia pelos caminhos de ronda.
Todas as demais virtudes podem ser encontradas simbolicamente no gótico: a justiça, a caridade, a esperança e principalmente a fé, porque tudo no gótico fala de Deus e conduz a Ele.
3. Lógica
Já foi dito que o gótico é uma escolástica de pedra. Assim como no silogismo escolástico nada pode ser tirado e nada pode ser acrescentado, assim também, no silogismo arquitetônico gótico, tudo é necessário e nada é supérfluo. Pilastras, arcos-botantes, colunas e ogivas se interligam, uns elementos sustentando os outros para, no alto, exaltarem a cruz.
A fachada ou a planta de uma catedral podem ser comparadas, quanto à lógica e à clareza, com uma questão escolástica com todos os seus argumentos, os "sed contra", as soluções e as respostas aos argumentos. E a catedral é, então, uma "Suma" em pedra, tal a sua ordenação lógica.
Quanto às regras estéticas, a Idade Média não teve, desde o início, o conhecimento de todas. Mas, à medida que as conhecia, procurava escrupulosamente respeitá-las porque eram a vontade de Deus regulando a arte.
4. O Belo no gótico
Da bondade e da verdade do estilo gótico é que nascia o seu pulchrum. Belo sereno e cheio de paz, resultante da harmonia de todos os valores, da temperança com que os bens eram amados, da força consciente de si mesma na busca da justiça.
"Pureté, sérénité, majesté...", disse alguém a respeito da fachada de Notre Dame de Paris.
Pureza nas formas materiais, serenidade na alma, majestade no conjunto, tais são alguns dos valores do gótico que o tornam o mais católico dos estilos de arte já produzidos, e, por isso mesmo, o que mais fala a Deus.
O flamejante
O estilo flamejante é a expressão da decadência da alma medieval. Não querendo progredir mais no amor a Deus, o homem medieval principiou a decair, porque, ou se ama a Deus, ou se decai. O homem medieval cansou-se de buscar a Deus através da contemplação das criaturas.
Tal cansaço levou-o a buscar não mais a Deus nos valores espirituais e transcendentais, mas a procurar sua felicidade apenas nas próprias criaturas. Ele passou a buscar não o bonum mais elevado, mas o bonumnatural; o puramente agradável, de início, e depois, o prazer.
A contra curva flamejante é o símbolo dessa inflexão que levou o homem a buscar o mero prazer sensual. Outra prova disso está no amor à decoração excessiva que levou a abandonar a pureza de linhas e a lógica serena do gótico radiante.
O gótico flamejante perdeu elevação. Ele não mais buscava o céu, e sim a terra. Passa-se a preferir o gracioso ao sublime, o risonho ao sério. Como resultado, as ogivas foram se abaixando e alargando cada vez mais, até desaparecerem numa horizontalidade chapada, símbolo do apego ao terreno e da falta de impulso para o céu. As estátuas passaram a ser de pouca altura e, às vezes, sensuais. A busca intemperante do prazer levou o homem decadente do fim da Idade Média a perder equilíbrio diante da alegria e da dor. Nas catedrais surgem estátuas-caricaturas que exploram o grotesco e o ridículo.
Exagerou-se o riso e a dor. Os jazentes (gisants) - estátuas jazentes sobre as lajes tumulares -- perderam a serenidade católica diante da morte, resultante da dor e da esperança e que eram bem manifestadas nas esculturas tumulares do gótico primitivo e do gótico radiante. Dor, porque a morte é um castigo terrível. Esperança, porque é certo que haverá a ressureição.
O homem do período flamejante exagerou a dor diante da morte, porque não mais tinha a mesma esperança. E já não tinha tanta esperança, porque sua fé bruxoleava.
Apareceram, então, os "gisants" horrendos e monstruosos: corpos putrefatos, devorados por vermes, esqueletos triunfantes, cadáveres decompostos e atormentados, contorcidos nos estertores de uma morte que se pensava sem ressurreição. Portanto, sem esperança.
As figuras da morte, do juízo e do inferno tornaram-se obsessivas. Começada a era do prazer, nascia com ela o desespero.
A perda da temperança e da pureza levaria à perda da combatividade e da fortaleza. Não mais muralhas nem fossos. Não mais couraças e elmos de ferro. Paz, paz. Mais vale a astúcia e a fraude do que a luta. Sobretudo, o que vale mais para o homem intemperante é o gozo.
As couraças se adelgaçaram e enfeitaram. O penacho tornou-se mais importante que o elmo, e a exibição e a vanglória valiam mais do que a proeza.
Nas estátuas buscou-se mais o real do que o ideal. Daí o retrato que acariciava o orgulho dos doadores e benfeitotores, esculpidos ajoelhados aos pés dos altares que haviam financiado, para que o povo, rezando à Virgem, os admirasse.
O flamejante não dava o bonum de que a alma tinha sede. Logo vieram os sofismas a criar falsos verum.
Com o nominalismo do fim da Idade Média entrou a gnose, e a representação do que dizia a Fé foi substituída pelo simbolismo hermético do "trobar clus" e do "dolce stil nuovo", em cujas ambigüidades se escondia a heresia.
A cabala irrompeu nos meios cultos, pretendendo oferecer a conciliação universal de todas as crenças.
Orgulho e sensualidade foram as causas da decandência medieval. Nesses dois vícios estão as raízes do estilo flamejante, que preparou a primeira revolução na arte, o Renascimento.

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